sábado, 24 de dezembro de 2016

Mensagem de Natal



Desejo Feliz Natal a todos os meus seguidores, leitores, amigos e familiares,


Padre José Robério Felipe



domingo, 23 de outubro de 2016

OS TRÊS PODERES DO MUNDO


Através da igreja antiga temos conhecimento de Deus Pai, Deus filho e Deus Espirito Santo. O número três caiu na simpatia de Deus, dividiu o mundo em Céu, terra e mar. As árvores em raízes, troco e galhos, folhas, flores e frutos.  O homem em cabeça, tronco e membros, criou tudo e por ele tudo foi feito.

Deus criou homem e a mulher e amou tanto que lhe doou tudo a eles, mas criou uma ordem que tornou em lei, justiça e fidelidade, quem desobedece-las será castigado, não comam do fruto da macieira e descansou.

Qual foi a primeira desordem? Justaram-se com a serpente e comeram o fruto proibido e ainda criaram suas próprias leis, da selva que é a do mais forte e Caim matou Abel por inveja, e então receberam severas punições.

Eva teve trinta e três filhos e filhas, quando foi mostrar os filhos a Deus, mostrou só trinta, e escondeu os outros no mato, quando foram pegá-los eles tinham desaparecidos, hoje ainda restam desses filhos perdidos pelas selvas do mundo, pois quase todos foram dizimados pela mão humana.

Hoje tudo se inverteu os três poderes do mundo que era lei, justiça e fidelidade foram substituídas por: dinheiro, poder e prazer. Os outros degradados de Eva e Adão somos nós, as minorias: padres pobres, negros, índios, sem tetos, as vítimas das guerras, os analfabetos, os abandonados, os sobreviventes das secas, os usuários de drogas e tantos outros, aquela lei bonita, justiça é a prática e os paredões da morte, a fidelidade da nova lei é a certeza que não temos perdão.

A igreja moderna que não tem mais o prazer do uso da fogueira para queimar em praça pública, padres que não aceitavam o seu jugo, cientistas que falavam do movimento dos planetas, e do mundo que Deus fez, ou foram mortos ou jogados no ostracismo, como cantou Chico Buarque, na época da ditadura, até no cálice entorpecido de vinho até que o mundo esqueça, do que vale ser filho da santa, é melhor ser filho da outra, esse silêncio conduz ao homem a se destruir  pelos poderes: o dinheiro desonesto, as ilusões da vida e o  prazer exacerbado, sem saber onde vai parar.

Antes eu ficava indignado quando uma pessoa dizia: tenho vergonha de ser brasileiro já hoje, eu sou eu que digo: tenho vergonha de ser brasileiro.

No dia 7 de setembro de 2014, escrevi uma mensagem ao jovem brasileiro, honremos a nossa bandeira, que oscila no céu,  e no  centro existem uma mensagem forte: Ordem e Progresso, coloquemos a mão em nosso peito e marchemos garboso com  bravura, batendo  com os dois pés firmes no solo brasileiro, dizendo essa é a nossa terra, essa é nossa pátria e essa nossa mãe.  Contudo, não podemos abandonar a nossa própria mãe pelo dinheiro, pelo poder e pelo prazer, e sim pela ordem que  Deus criou: a Lei a justiça e a fidelidade, marchando garbosos, pisando com os dois pés  no solo e  com a cabeça erguida.

Juazeiro do Norte (CE), 24 de Outubro de 2016.

Padre José Robério Felipe

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

COM À MEDIDA QUE ME MEDES, TÚ SERÁS MEDIDO.

Certa vez conversando com um amigo psicanalista, perguntei: se um jovem nascesse QI (quociente de Inteligência) de 180, quanto informativos ele poderia transmitir? Ele respondeu: nada, ele seria apenas um eterno sofredor, ninguém acreditaria nele, receberia o nome de louco.

Passei a recordar o passado da minha infância lá no Paraiso Perdido, estávamos em fevereiro, sentados no terreiro com um fogo de lenha ao centro, José Cassiano um velho caçador começou a contar umas aventuras, e saiu à história de uma onça, comecei a ficar com medo, disfarçando me sentei na perna de meu pai e só ouvi o povo dar risadas, depois descobri o motivo das risadas.

Atualmente se abre um jornal, revistas, não se ler mais historinhas do amigo da onça, de Joaozinho e Maria, da gata borralheira, da bruxa, do lobo mal, do saci Pererê. Hoje quando se liga uma TV e outros meios de comunicação, na primeira página estão escancarados: crianças e adolescentes envolvidos em tráficos de drogas, assaltos à mão armada, prostituição diversas, afastados do convívio escolar.

No meio governamental, o senador “Tal” que dividiu tantos milhares de dólares; arrombaram os caixas eletrônicos, assaltaram o banco “Tal”, levaram milhões e até hoje não se sabe quem carregou. Mataram, sequestraram, prenderam o senador, soltaram deputados, vamos aprovar o impeachment, outros não vamos aprovar o impeachment, muda governo, muda presidente, outros dizem quem é que vão governar, outros falam vai ser pior.

Essa história vem desde começo do mundo, Caim matou Abel por inveja, Saul brigou com Davi por disputa de poder, Salomão tinha mil mulheres, Jesus Cristo, foi criticar o sistema no templo de Deus, sofreu a primeira surra e outras torturas de dois sacerdotes Anás e Caifás, porque virou a mesa dos cambistas e soltou os pássaros que estavam presos.

Quando se ouve falar desses escárnios de tantas depravações nos governos, nas religiões, indústrias, comércios, a depredação da natureza o abandono dos campos, a fauna, as florestas, o desrespeito às crianças, aos mares e rios, aos anciões, ao próprio Deus trocado pelo o lucro, levando o povo ao desespero.

Refletindo sobre tudo isto, diz um provérbio que tudo termina como  começou, passeando pelo velho paraíso deu saudade do passado, resolvi renovar os sonhos que tinha na infância: os pés de manga, as fruteiras, dos banhos nos rios, dos plantios, que olhando de cima da serra se avista todo o vale verdejante. Dizem que quando ficamos velhos, voltamos a ser criança, por isto plantei capim, cana de açúcar, comecei a plantar algumas fruteiras, abrir novos poços e renovando a morada de onde nós viemos.

Guardo da minha infância todas essas boas recordações, quero deixar algo que sirva de estímulo os que ainda vêm, porque no passado tive uma infância feliz, fui medido de forma positiva, e quero medir com bons ensinamentos. Por isso acredito que todos esses escárnios e depravações acometidos pelos poderosos, será medida da mesma forma que eles mediram os outros.

Para tanto, sempre houve e haverá uma esperança, quando Jesus Cristo disse: eu sou o caminho a verdade e a vida, quem crê em mim será salvo; atire a primeira pedra quem não cometeu nenhum desses pecados: a tua fé te curou; “talítacum” quer dizer: levanta-te e caminha.

Juazeiro do Norte(CE), 26 de Setembro de 2016.

Padre José Robério Felipe












sexta-feira, 19 de agosto de 2016

PERGUNTARAM-ME? UM HOMEM PODE FAZER MILAGRE?

São Tiago (2:14-55), diz: uns que tem fé mas não tem, acaso  pode salvar a fé? Se alguém lhe pede ajuda e você lhe diz: idem em paz aqueceu-vos e alimentai-vos e não deu o necessário para o corpo, a tua fé sem obras é morta.

Sendo assim eu também posso dizer: tú tens a tua fé eu tenho as obras. Tú crês que há um só Deus, muito bem: mas também os demônios creem e tremem.

Cristo diz:  Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Mateus ( 23 : 27),

Virão muitos em meu nome.

Lembrei-me da semana cultural que realizávamos todos os anos na Faculdade de Teologia N.S. Assunção (São Paulo) eram convidados teólogo famoso, brasileiro e estrangeiro, sabe que um deles foi Dom Helder Câmara, ele falou do seu afastamento da Diocese do Recife, que certa manhã chegou seu substituto com uma carta na mão e entregou a Dom Helder, que dizia: entregue o palácio episcopal. Próximo ao palácio existia um vizinho que possuía um casebre e deu para ele morar.

Eu um jovem estudante imaginei que nada disso aconteceria comigo, muitos anos depois já na Capelania Militar o mesmo fato aconteceu, quando menos se esperava chegou um substituto com uma carta endereçada a mim, solicitando que desocupasse a Capelania, que ele iria assumir e entreguei a chave e desocupei. Prometi ao Divino Pai Eterno que vou fazer outra capela, essa para eu terminar o resto dos meus dias sacerdotais.

Embora, Jesus quando viajava rumo a Jerusalém já era tarde e demonstrou aos seus discípulos que queria seguir adiante, e os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Lucas (9: 54). Jesus voltando-se para eles, lhes repreendeu-os: Vós não sabeis de que espirito sois.

As raposas têm suas tocas, as aves do céu têm seus ninhos, mas o filho do homem não têm uma pedra para reclinar a cabeça (Lucas:9:54).
Enfim, nem são os Palácios Episcopais e nem as Capelanias Militares que fortalecem a sua fé e sim as boas obras.

Juazeiro do Norte (CE), 19 de Agosto de 2016.

José Robério Felipe.



                                                                      


domingo, 19 de junho de 2016

O CASAMENTO DE JUVÊNCIO E DACYR

Em 1948 chegaram ao município de Várzea-Alegre famílias, que rumaram das cidades de Mata Grande e Arapiraca (AL), povo festeiro, artistas e bons músicos. Passados alguns anos, Juvêncio e Darcy deram-se em casamento. Dona Marieta e Seu Vicente Matias seus futuros sogros.
Que faremos para essa grande festa? Logo surgiu uma boa ideia. Vamos pedir um pouco a cada amigo e arrecadaram bastante.
A semana da festa chegou, de tanto serem festivos o forró começou quinta – feira, quando já no sábado acordes de violinos, cavaquinho e bandolim já estavam desafinados, então pediram um tempo para afinar os instrumentos, isso fez com que Marieta convidasse os amigos para formar uma “roda de coco”, para que a festa não parasse.
Chega o domingo, o casamento aconteceu às dez horas do dia, chegando os noivos a casa, a festa começou de verdade.
Dona Tereza, esposa do meu tio João, sabendo que ele ia a festa, logo pensou e trataram um acordo: eu vou a festa durante o dia, e tu vai a noite. E assim mesmo foi feito.
Quando foi chegando a noite ela juntou seus dez filhinhos e pegaram o caminho de volta para casa. Colocou um grande prato feito, com o sentido de convencê-lo a não ir ou festa. Ora não teve jeito, ele foi a festa, isso já estava no quarto dia dos festejos.
As lamparinas que eram garrafas de vidros já tinham estourados quase todas. A escuridão já tomava posses de quase todo o salão. O forró no escuro ficou melhor. Tio João dançava com Maria Fulô, foi devagar para um escurinho e resolveu dar um beijo no olho de Maria Fulô, o olho era tão fundo, que não encontrava, teve de enfiar a língua até encontrar, foi muito bom. A música que embalava o forró era:
Mulher que não consente seu marido passear
E por qualquer besteira pega logo a reclamar
É bom ficar em casa pras crianças balançar
Chega pra lá, deixa o homem se virar
Chega pra lá, deixa o homem se virar

Homem em casa o dia inteiro só faz atrapalhar
E mulher que muito anda
Sempre dá o que falar. ( Capiba).

Tereza chorava e lamentava e Tio João cantava essa música para consolá-la.

Juazeiro do Norte(CE), 19 de Junho de 2106.


Padre José Robério Felipe.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O DIABO EXISTE


O homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Para não ser corrompido é preciso estar muito próximo dos ensinamentos de Cristo, antes quando lia Eclesiastes, ( 7 – 28,) “entre mil homens, descobri apenas um que julgo digno, mas entre as mulheres não achei uma sequer” Hoje posso confirmar que bom só Deus. Para conhecer Deus, olhe o senado brasileiro bem de perto, perto de nós em Brasília, quando na partilha dos conchaves, é que se pode distinguir o rosto de Deus ou do Diabo.

O povo mais supersticioso tem medo do gato preto, urubu, sapo, galinha preta e outros, porém eles são também criaturas de Deus. O maligno se manifesta nas coisas mais lindas, nos rostos mais bonitos, e nos que representam Jesus Cristo aqui na terra com mais pureza, os que fazem leis, para os outros cumprirem, os que possuem as grandes fortunas que não são utilizadas para o bem comum.

Como diz:  Jean – Jaque Rousseau “ O primeiro homem que inventou de cercar uma parcela de terra e dizer "isto é meu", [...] , foi o autêntico fundador da sociedade civil. De quantos crimes, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado a humanidade se aquele, arrancando as cercas, tivesse gritado: Não, impostor”.

Preste atenção quando ler a Bíblia: onde duas pessoas estiverem juntas em paz, lá eu estarei. Portanto, que adianta tantos homens juntos em Brasília, há mais de oito meses e não chegaram à conclusão de devolver o ilícito e voltar a governar com perfeição trazendo à paz a nação.

O mundo  da politica, religião e Estado estão em busca de  poder, não tem como  missão desenvolver a sociedade civil, na visão Nietzsche “A religião é essencialmente uma doutrina de hierarquia, uma tentativa para recriar uma ordem cósmica de posições e poderes”, na politica e no Estado também.

Juazeiro do Norte(CE), 9 de Junho de 2016.

José Robério Felipe




segunda-feira, 18 de abril de 2016

O Puxa Saco

A chikungunya e a Zika estão se espalhando mundo afora, ocupando cidades grandes e pequenas, bairros, vilas, rios, quintais, vales e montanhas, estão afetando até os fetos no útero materno, impedindo o desenvolvimento do cérebro, fazendo nascerem crianças pequenas e com poucas habilidades, de trabalhar e ocupar um espaço na sociedade e contribuir com seus préstimos, através da missão que Deus confiou a cada pessoa (que veio a este mundo), aos adultos é atingido com febre, dores nos ossos e em todo o corpo levando até morte.

O puxa saco, o bajulão penetrou nas instituições, e em todos os níveis de governo, nas famílias ricas e pobres, com a finalidade de tirar sua sobrevivência, não importando os males, os danos que vai causar ao mundo.

Como já se pensa na vacina, um antídoto para acabar com essa peste que tanto apavora o mundo; já se pode procurar também um meio de destruir esse vírus que produz esse tipo de gente, que ao longo do tempo estagnaram, essa gente que apenas serve para mentir, caluniar e difamar, provocando a infâmia que destrói aos poucos homens trabalhadores e honestos. Em uma cidade, que graças a Deus morei pouco tempo, conheci homens e mulheres que a primeira tarefa do dia, a sua primeira ocupação era procurar conversas para levar aos superiores.

Esses mosquitos que se apoderaram do Brasil, pensei logo, não precisava deles, pois já somos possuidores desses infelizes mosquitos não com o nome de chikungunya, mas com outro nome: puxa saco e bajulão.

Juazeiro do Norte (CE), 18 de abril de 2016.

Padre José Robério Felipe



domingo, 20 de março de 2016

QUEM POUCO FAZ, POUCO PRODUZ






 Não sei se por merecimento ou por sina, foi este o paraíso perdido, cercado por quatro serras, sítio Poços dos Paus, por ter muitas árvores ricas e muitos olhos d’água. A casa do meu pai foi construída dentro da mata, as poucas visitas que tínhamos eram as onças, quando vinham pegar os bodes para comerem, meu pai não sabe por medo só percebia no outro dia a falta dos animais.

Os outros homens habitantes deste local, com medo começaram a cortar as árvores deste paraíso e olhos d’água desapareceram. As estradas de carroçal só era passada uma máquina de quatro em quatro anos, quando havia eleições e nada mais era feito.

Quando eu era garoto de seis a sete anos, minha mãe me chamou para eu servir de companhia para assistir a uma missa, a capela era pobre não tinha bancos e um mau cheiro de morcegos era insuportável. O padre só servia para brigar com as pobres mulheres. Ainda hoje lembro o Evangelho e da pobre homilia, o evangelho foi Lucas ( 16: 26- 31). Vamos sofrer aqui na terra sem se reclamar, para quando chegarmos aos céus haverá um banquete para os pobres  e os ricos passarão fome.

No caminho de volta, eu disse a minha mãe que não tinha gostado do que o padre falou ele estava mentindo, quando eu fosse grande eu ia ser padre  para falar a verdade para o povo e Deus e me ouviu.

Eu não tinha conhecimento do seriado O Auto da Compadecida, que por dinheiro o padre fazia o sepultamento da cachorra e ainda em Latim. O Faraó do Egito por motivo de um sonho convocou todos os sábios do reino conhecedores do assunto, para interpretar, para ele pudesse fazer alguma coisa pelo seu povo, pois sonhou “ com sete vacas magras que comia as sete vacas gordas, e sete espigas de milho cheia que era devoradas por sete espigas vazias”.

Em mil novecentos e quinze, houve uma grande seca no nordeste e agora,  cem anos depois a seca se repetiu e nada tinha sido feito para evitar a miséria  ocorrida no passado. A seca do nordeste começou em abril de dois mil e onze e estamos em março de dois mil e dezesseis, está faltando um mês para cem anos de seca e nenhum governante brasileiro teve  a idéia do governo egípcio para evitar a mesma miséria  que se repete.

Antes tínhamos orgulho de sermos o maior país religioso do mundo, ninguém mais acredita em religião, era o maior país do futebol, não se ganha mais nenhuma copa, era a maior floreta do mundo, hoje só há grande devastação, os rios era os mais volumosos, com a poluição dos rios nem os peixes sobreviveram, o maior país do carnaval e do verde e amarelo que era o símbolo da paz, hoje é símbolo da criminalidade em todos os aspectos.

O povo já falava que o brasileiro tinha memória curta e o futuro de um país, estava nas crianças, mas a situação do Brasil piorou e as crianças estão nascendo sem cérebros.

Deus ver todas as coisas, passado, presente e futuro e até os nossos pensamentos, mas parece que Deus esqueceu o Brasil ou o Brasil está fora do mapa mundi. É um paraíso perdido.

Juazeiro do Norte (CE), 20 de março de 2016.

Padre José Robério Felipe



























quarta-feira, 2 de março de 2016

A MORIÇOCA E A LAGARTA



Nas décadas de quarenta, cinquenta e sessenta, quase de tudo moderno não existia, a comunicação era feita através dos correios, do envio da comunicação ao recebimento, tinha uma duração de trinta a quarenta dias, o transporte era feito através da costa do Jegue  e mais tarde, caminhão. Não existia casa de saúde era “ Samarica Parteira” que resolvia tudo e ainda se tornava  segunda mãe da criança.

O preparo da terra era realizado através da enxada, cavador, foice e machado, a água era retirada da cacimba, conduzida numa moringa e a geladeira era um pote de barro, um na Cantareira e outro na cozinha. O arroz era poupado no tronco de aroeira e duas mãos de pilão da mesma madeira, onde as mulheres se divertiam jogando “tum-tum”.

A colheita do arroz, era realizada com uma “faquinha”  feita especialmente para esse cultivo, fabricado pela indústria  Cesam. Para chegar ao ponto de ser ensacado, era necessário afastar os grãos dos talos, que era feito através de pedaço de madeira de um metro e meio, que o homem através  da forças dos seus braços batia até  fazer a separação dos grãos.

Não havia inseticida, quando se preparava a terra para o novo plantio, juntava-se o bagaço com um ciscador de marmeleiro de dois dentes ou tridente, e já se coletava a bosta secas das vacas que servia de inseticida que afastava as muriçocas que serviam de estímulo ao agricultor como previsão de rios cheios, mas que perturbavam durante a noite. As lagartas eram beneficentes, elas vinham para comer as folhagens velhas, para fazer brotar uma ramagem nova, que vinha com flores para produzir os novos frutos.

Na colheita dessa nova safra, se comemorava com novenas aos santos protetores, com especialidade São Sebastião que era o protetor da agricultura, dos homens e dos animais, e que ainda hoje, se reza a oração de mais fé, contra a peste, fome, guerra e doenças contagiosas e mortes repentinas “(...) Glorioso mártir São Sebastião, protegei-nos contra a peste, a fome e a guerra; defendei as nossas plantações  e os nossos rebanhos, que são dons de Deus para o nosso bem e para o bem de todos. E defendei-nos do pecado, que é o maior de todos os males".

Os festejos populares eram comemorados com danças, fogueiras, quadrilhas animadas com fogos de artifícios, em homenagem as colheitas, para os santos que ajudaram nessa nova colheita de fartura, entre eles: São José – manda chuva, Santo Antônio –  o Casamenteiro, São João  - o que batizava e São Pedro- para abrir as portas do céu.

Nessa época não existia banda de música, só existia fole de oito baixos, triangulo, pandeiro e zabumba. Ainda hoje, guardam-se na memória alguns fragmentos dessa cultura, através de alguns nomes que ainda temos na memória: João Guedes, Bié e José Calixto.

Nos botecos de aguardente, lembramo-nos de Antônio Catingueira e Manoel do Piancó, que numa dessas festas juninas, fizeram um sociedade no boteco, como eles não podiam beber na sua própria venda, Antônio Catingueira pegou algumas moedas e foi dar uma volta, ao retornar ao boteco, antes de assumir a responsabilidade, pediu que Manoel do Piancó seu sócio, que lhe servisse uma cachaça; depois de algum tempo, Manoel do Piancó, pediu ao eu sócio para ficar na venda enquanto ele dava  uma volta, depois de algum tempo, retornou e antes de assumir a responsabilidade, também pediu que Antônio Catingueira lhe servisse uma cachaça, e assim passaram a noite, enquanto um dava a volta o outro servia a cachaça e visse versa, assim beberam todo o estoque e não apuraram nada.

Nos anos  quarenta  Luiz Gonzaga - O Rei do Baião trouxe uma sanfona de cento e vinte baixos, para chamar atenção dos nordestinos. Raimundo Jacó – O vaqueiro gritou no meio do povo: “ Luiz seu moleque, respeita Januário, o  fole de Januário só tinha oito baixos, mas prestando bem atenção ele toca em todos os oito e sua que tem cento e vinte baixo, só toca em dois”.

Naquele tempo só havia três tipos de forró, o forró dos ricos, o forró dos pobres e o forró dos lascados, mas o forró dos lascados esse é o que era bom, lá se dançava, bebia e forrozava.

Por isto, ainda hoje fico com o que Raul Seixas diz: “Eu prefiro ser
essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.  Porque com toda modernidade e avanços tecnológicos não sabemos aonde vamos parar, esquecemos o passado, e não aprendemos nada para o futuro.

Juazeiro do Norte(CE),  02 de Março de 2015.
Padre José Robério Felipe.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

INGRATIDÃO




Outro dia estive conversando com um amigo, e ele me falou: Padre Robério escreva sobre ingratidão. Perguntei, mas que tipo de ingratidão, de modo geral? Então lembrei Jesus Cristo, quando disse: “hoje um dos que come  no meu prato me trairá”( Mateus 16: 23). Os soldados já o procuravam para prendê-lo,  Judas – o traidor, já havia o vendido por trinta dinheiro, aquele a quem eu beijar é o Cristo.

A ingratidão é o espirito mau que habita em todas as raças e povos, civil ou militar, religiosos ou pagãos, instituições política, dentro da família, casais, irmãos, ricos, pobres, feios, bonitos, etc.

Quando uma pessoa diz: eu te amo, fico triste, está mentido, existe um provérbio no meio do Direito que quando um casal de jovens se enamoram  diz: meu bem, meu bem, quando estão se separando diz: meus bens.

Vamos entrar no âmago da palavra, certa vez me confrontei com esta maldita serpente, a ingratidão, recém-formado, muito feliz, quando tinha um pouco de tempo ia ao encontro dos amigos e me divertia muito. No meu dessa felicidade, a ingratidão me abraçou e não me soltou mais, corri para todos os lados e não tive mais saída, a ingratidão foi morar comigo.

Quando procurei amigos, desapareceram, aqueles que me beijavam, não os vejo mais, a família sumiu os padres, desapareceram todos, tornei-me um leproso social.
Lembrei-me do poema de Drummond de Andrade: “sozinho no escuro, qual bicho-do -mato, sem teogonia, sem parede nua pra se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha José, José para onde?

A bebida não cura a solidão, a droga cada vez mais leva o sujeito fazer a  vontade dos inimigos, podemos afirmar que existe um balsamo para curar toda a solidão, toda a ingratidão, todo o desespero, aquela palavra que Jesus disse: a tua fé te curou(Marcos 5:34). E Jesus ainda afirma: “eu sou o caminho, e a verdade e a vida, aquele que crê em mim será salvo”(João 14:6).

Padre José Robério Felipe

Juazeiro do Norte (CE), 08 de Fevereiro de 2016.