Certa vez conversando
com um amigo psicanalista, perguntei: se um jovem nascesse QI (quociente de
Inteligência) de 180, quanto informativos ele poderia transmitir? Ele
respondeu: nada, ele seria apenas um eterno sofredor, ninguém acreditaria nele,
receberia o nome de louco.
Passei a recordar o
passado da minha infância lá no Paraiso Perdido, estávamos em fevereiro,
sentados no terreiro com um fogo de lenha ao centro, José Cassiano um velho
caçador começou a contar umas aventuras, e saiu à história de uma onça, comecei
a ficar com medo, disfarçando me sentei na perna de meu pai e só ouvi o povo
dar risadas, depois descobri o motivo das risadas.
Atualmente se abre
um jornal, revistas, não se ler mais historinhas do amigo da onça, de Joaozinho
e Maria, da gata borralheira, da bruxa, do lobo mal, do saci Pererê. Hoje
quando se liga uma TV e outros meios de comunicação, na primeira página estão
escancarados: crianças e adolescentes envolvidos em tráficos de drogas, assaltos
à mão armada, prostituição diversas, afastados do convívio escolar.
No meio
governamental, o senador “Tal” que dividiu tantos milhares de dólares;
arrombaram os caixas eletrônicos, assaltaram o banco “Tal”, levaram milhões e
até hoje não se sabe quem carregou. Mataram, sequestraram, prenderam o senador, soltaram deputados, vamos aprovar o impeachment, outros não vamos aprovar o impeachment, muda governo, muda
presidente, outros dizem quem é que vão governar, outros falam vai ser pior.
Essa história vem
desde começo do mundo, Caim matou Abel por inveja, Saul brigou com Davi por
disputa de poder, Salomão tinha mil mulheres, Jesus Cristo, foi criticar o
sistema no templo de Deus, sofreu a primeira surra e outras torturas de dois
sacerdotes Anás e Caifás, porque virou a mesa dos cambistas e soltou os
pássaros que estavam presos.
Quando se ouve
falar desses escárnios de tantas depravações nos governos, nas religiões,
indústrias, comércios, a depredação da natureza o abandono dos campos, a fauna,
as florestas, o desrespeito às crianças, aos mares e rios, aos anciões, ao
próprio Deus trocado pelo o lucro, levando o povo ao desespero.
Refletindo sobre
tudo isto, diz um provérbio que tudo termina como começou, passeando pelo velho paraíso deu
saudade do passado, resolvi renovar os sonhos que tinha na infância: os pés de
manga, as fruteiras, dos banhos nos rios, dos plantios, que olhando de cima da
serra se avista todo o vale verdejante. Dizem que quando ficamos velhos,
voltamos a ser criança, por isto plantei capim, cana de açúcar, comecei a
plantar algumas fruteiras, abrir novos poços e renovando a morada de onde nós
viemos.
Guardo da minha
infância todas essas boas recordações, quero deixar algo que sirva de estímulo
os que ainda vêm, porque no passado tive uma infância feliz, fui medido de
forma positiva, e quero medir com bons ensinamentos. Por isso acredito que todos
esses escárnios e depravações acometidos pelos poderosos, será medida da mesma
forma que eles mediram os outros.
Para tanto,
sempre houve e haverá uma esperança, quando Jesus Cristo disse: eu sou o
caminho a verdade e a vida, quem crê em mim será salvo; atire a primeira pedra
quem não cometeu nenhum desses pecados: a tua fé te curou; “talítacum” quer
dizer: levanta-te e caminha.
Juazeiro do
Norte(CE), 26 de Setembro de 2016.
Padre José
Robério Felipe
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